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Prévia: Splatoon (Wii U) tem tudo para recriar os shooters cooperativos com a magia da Nintendo

Apostando na diversão cooperativa, a nova IP da Nintendo promete reinventar um gênero desgastado, trazendo diversão inteligente para o Wii U.

Pegando todos de surpresa na E3 2014, a Nintendo anunciava uma nova e inusitada IP, exclusiva para o Wii U. O jogo em questão era Splatoon, shooter em terceira pessoa protagonizado por lulas humanóides que atiram com armas de tinta, ao melhor estilo paintball. Passado o estranhamento inicial, a nova aposta da Nintendo para as disputas cooperativas e competitivas está chegando, e tem muita gente ansiosa para experimentar o jogo que tem tudo para recriar um gênero tão desgastado nas últimas gerações. É melhor se preparar para a chuva de balas, de tinta, que te aguarda nessa aventura.

Novas cores no Wii U

Desde a década de 1990, jogadores do mundo todo aguardam ansiosos pela maior feira de jogos do planeta, a E3. Foi em Los Angeles que a maioria dos grandes anúncios foram feitos, desde 1995. Na última edição, em 2014, a Nintendo revelou uma das suas maiores apostas para este ano. E não falo dos poucos segundos de Star Fox U ou Zelda U, mas de um título com foco no multiplayer local, protagonizado por Inklings, criaturas híbridas de humanos e lulas.
O jogo em questão era Splatoon, uma nova IP (propriedade intelectual) da Nintendo, que tem como objetivo principal cobrir o maior terreno possível com tinta do seu time. Para isso, o jogador precisa atirar, com diferentes armas, por todo o cenário, criando passagens para o restante do time se locomover, a pé, ou deslizando pela tinta em forma de lula.

Alternando formas
Durante as batalhas, será interessante você alternar entre as formas humanas e de lula dos Inklings. Na forma humana, o jogador pode atirar tinta usando a sua arma principal e secundária, mas terá movimentação reduzida. Enquanto lula, você poderá realizar mais ações, como nadar pelo cenário — inclusive pelas paredes — e emboscar o adversário. O único problema dessa forma é que ficamos expostos, sem defesa.
Ainda sobre as possibilidades do jogo: com o toque de um botão, enquanto se encontram sobre a própria tinta, os jogadores podem se transformar em lulas para recarregar o reservatório de pigmento, mover-se mais rápido ou apenas ficar escondido na espreita, criando um game sem precedentes de possibilidades.
Os Inklings podem se mover livremente dentro de sua própria tinta. Na tinta inimiga, eles se movem mais lentamente e não podem se tornar lulas.
É justamente essa capacidade de “nadar” pela tinta, misturada com a ação frenética no melhor estilo paintball, que se esconde a originalidade de Splatoon. As alternativas abertas pelas combinações de armas e locomoção rápida pelo cenário trazem doses extras de estratégia e ação, que somadas ao uso criativo do GamePad e o foco nos combates online resultam em uma experiência completa, como poucos jogos conseguiram até agora.
De olho da tela
Os desenvolvedores do título cuidaram para que o GamePad fosse realmente um diferencial. Durante o jogo, o controle mostrará um mapa geral do cenário, detalhando quais locais já estão pintados pela cor da sua equipe ou dos adversários, e até solicitar transportes rápidos para perto dos focos de luta. Além disso, a mira poderá será feita pelos movimentos do giroscópio do controle do Wii U.

Pintando criatividade

Para quem acredita que a Nintendo pode ser resumida como uma empresa excessivamente conservadora, Splatoon é uma prova real da renovação destes últimos anos — sem falar na promessa dos jogos para dispositivos mobile. Segundo o próprio Miyamoto, a equipe que está trabalhando no jogo (membros do Project Garage) é formada por desenvolvedores de Animal Crossing, o diretor responsável pelo remake de Star Fox 64 3D e um dos diretores de Nintendo Land. Todos jovens funcionários da empresa, com energia e criatividade de sobra.
Project Garage
Assim como muitas bandas de sucesso começaram com projetos na garagem — mesmo sem sucesso, até este redator que vos escreve tem a dele —, alguns novos títulos da Nintendo tem origem no talento e paixão de jovens que começam sem as grandes responsabilidades dos estúdios maiores. O programa Garage, criado em 2013, divide jovens desenvolvedores em pequenas equipes para trabalhar em novas ideias de jogos, como o próprio Splatoon, e os três protótipos de jogos Star Fox, Project Giant Robot e Project Guard.
É como quando acaba o tempo de estudo: eles se reúnem e pensam em novos projetos completamente à parte de suas atribuições do dia a dia. Quando esses projetos avançam a um certo estágio, nos reunimos e trocamos opiniões sobre o resultado de cada um deles e, juntos, decidimos quais devem continuar. (Shigeru Miyamoto sobre o projeto Garage)

Mas não se preocupe, o pai de Mario também deixou claro que o time sabe bem das ideologias da empresa, e que o foco na jogabilidade e diversão foi o motor central da criação do título. Inclusive, foi justamente por aí que começou o desenvolvimento do jogo. Só depois de definir as mecânicas é que os protagonistas ganharam cores.
Marioon
Por pouco Mario não foi o protagonista de Splatoon. E quem diz isso é o próprio criador. Segundo Shigeru Miyamoto, quando os desenvolvedores do jogo o procuraram para mostrar as ideias de Splatoon, o personagem central parecia, inicialmente, genérico. Por isso, Miyamoto sugeria que, caso não encontrassem algo adequado, colocassem Mario para estrelar o shooter. Algumas semanas depois, cautelosamente, a equipe foi até o mestre, que aprovou a ideia dos meninos-lula, para a surpresa dos envolvidos. 
Já pensou se o amiibo do Mario libera ele com o F.L.U.D.D. em Splatoon? Não custa nada sonhar.
Apesar da pouca experiência da empresa com títulos do gênero (e dos desenvolvedores novatos), a Nintendo aborda o shooter multijogador em arenas com algo inovador, o que resultará, talvez, em uma experiência ímpar. Os visuais estão lindos, dignos dos jogos mais renomados, como Super Mario 3D World e Wind Waker HD. É pura magia nintendista.

Atirando do jeito Nintendo

Os shooters (em primeira e terceira pessoa) foram exaustivamente explorados nas últimas gerações. Jogos aos montes, com qualidade duvidosa, quase destruíram a reputação de um gênero tão amado. Muitos até já duvidavam se era possível criar algo diferente, ou recriar o estilo. Era, quase sempre, mais do mesmo.
Em Splatton, não adianta sair por aí matando. O objetivo principal é tomar a base inimiga e pintar a maior quantidade de cenário possível.
Mas, em meio às dificuldades advindas das baixas vendas do Wii U, a Nintendo consegue inspiração e aposta em um jogo tão inusitado quanto inovador. Splatoon segue o modelo de tiro em terceira pessoa, mas troca a violência e o sangue por diversão, tinta e muita estratégia. Algo que, convenhamos, a Nintendo faz como poucos.
Reconhecimento da concorrência
Shuhei Yoshida, presidente da Sony — dono de dois Wii U, por sinal —, também se rendeu à beleza artística de Splatoon. Preocupado com o rumo que a indústria de jogos está tomando, com preferência por jogos de tiro realistas, ele elogiou a importância da Nintendo e seus títulos inovadores e criativos para manter o mercado equilibrado, citando Splatoon como exemplo do que ele chamou de “gênero Nintendo”.

Esbanjando carisma, cativando pela beleza e simplicidade, Splatoon fará muito marmanjo adorador de tiroteios se render aos seus modos de jogo singulares. O jogo contará com batalhas quatro contra quatro no modo online, duelos um contra um no modo local e um modo single player. Vamos conhecer mais sobre eles.

Modo Turf Wars

No modo Turf Wars, o objetivo é cobrir a maior área do terreno e, se possível, alcançar a base inimiga. Se ao final do tempo ninguém tiver alcançado a base oposta, ganha quem tiver a maior porcentagem de tinta em campo. O conceito parece simples, mas a aplicação é que deixa tudo mais divertido.
Mergulhar na tinta em forma de lula recarrega a munição
O jogador precisa atirar tinta pelo cenário e nos inimigos, criando estratégias para chegar até a base adversária e dominá-la. Enquanto isso, precisa proteger a própria base e seu personagem, já que uma vez atingido você é levado para o início da área, perdendo tempo valioso no combate — quando atingido, basta clicar num dos seus companheiros para retornar ao foco do embate.
A quantidade de mapas promete ser imensa. Prepare-se para dominar cada cantinho dos cenários.
Além da possibilidade de sair atirando desgovernado pelo cenário, o jogo também incentiva o pensamento estratégico. Jogadores podem se encontrar de tocaia, escondidos na tinta como lula, apenas esperando o inimigo insuspeito aparecer, como nos jogos multiplayer do tempo das lan houses, como Counter Strike. Tem espaço para todo tipo de jogador. O equilíbrio do time é que fará a diferença para o sucesso.
Hirashi Nogami, produtor do jogo, disse que disparar tintas em Splatoon será como um vandalismo permitido.
Além do Turf Wars, um outro modo online de quatro contra quatro é o Splat Zone. Nele, os times são requisitados a cobrir uma pequena área especifica (a mesma para ambos). Ao cobri-la, o contador do time começa a ser reduzido a cada segundo até alcançar zero, garantindo a vitória àquele time — os jogadores mais hardcore curtirão este modo.

Hero Mode

Mesmo com o foco do jogo sendo, indiscutivelmente, o multiplayer quatro contra quatro, a Nintendo também aposta em um modo para um jogador, chamado Hero Mode — equivalente a um modo história. Nele, o jogador precisa recuperar Denchinamazu, uma bateria peixe-gato, sequestrada pelos Octarians (os polvos inimigos) para energizar armas de destruição usadas para tomar a superfície.

Segundo a própria Nintendo, jogar o Hero Mode pode te ensinar algumas coisas interessantes para usar no competitivo online. Vale a pena passar por ele antes de enfrentar os amigos.
O esquema de jogo é o mesmo do modo multiplayer, no qual o jogador precisa invadir a base inimiga, pintando o cenário e derrotando os adversários. Contudo, perde-se um pouco da competitividade, e ganha mais exploração, deixando o jogo com cara de plataforma, com direito até a pequenos puzzles.

Lulas de estilo

De boba a Nintendo não tem nada. Mesmo sendo uma das suas primeiras incursões pelo universo dos shooters competitivos online, ela seguiu à risca algumas características tradicionais do gênero, como é o caso do extenso sistema de customização dos personagens e armas.
Visite a praça do jogo, cheia de lojas estilosas, para customizar seu personagem.
Será possível dar vida à lula que você sempre sonhou (!?). Do sexo, passando pela cor da pele e cabelos, até acessórios e armas, quase tudo pode ser customizado. Pode esperar por lulas humanóides de outro planeta durante as partidas online, tamanho o nível de liberdade de criação de personagens. Tudo isso, somado à beleza gráfica do jogo, torna Splatoon uma obra de arte — abstrata, por sinal.
Cada personagem terá três tipos de armas: as comuns, as sub-armas e as armas especiais
Só para quem pode
Não vá pensando que é só começar e sair comprando qualquer tipo de roupa ou arma e conquistar corações lulísticos por aí não. Para comprar certos equipamentos, o jogador precisa conseguir pontos em partidas online, aumentando, dessa forma, o ranking do seu Inkling perante a comunidade de jogadores.
Mas nem tudo é pura estética. Da mesma forma que cada arma escolhida mudará as habilidades de ataque do jogador — entre elas, bazucas, rifles, metralhadores, rolos de tinta e pincéis gigantes —, a escolha da roupa afetará o desempenho dos Inklings, como pulos maiores, redução no uso de munição e maior poder de ataque. As possibilidades são enormes.
Suavidade
As primeiras versões do jogo, semifinalizadas, começaram a ser enviadas pela Nintendo para alguns portais americanos para reviews — cadê a nossa, Big N? Nas primeiras análises técnicas, descobriu-se que o jogo roda liso, a 60 fps, com quedas de frames em momentos raríssimos, quase imperceptíveis. Além disso, a suavidade do jogo, mesmo em uma versão não finalizada, mostra o cuidado da empresa com seus jogos, quase sempre, sinônimos de extrema qualidade técnica. Sendo assim, pode esperar por um shooter de respeito.

Pinte você mesmo

Estranhamente familiar, Splatoon tem se provado magnífico a cada novo detalhe divulgado. Com gráficos belíssimos, jogabilidade simples e original, equilíbrio entre competitividade e diversão, compatibilidade com os amiibo e o selo de qualidade dos grandes título da Nintendo, só podemos esperar ansiosos para sair pintando tudo no Wii U.
Da cor do amiibo
Sucesso de vendas, os amiibo, bonecos colecionáveis da Nintendo, também estarão em Splatoon. As três primeiras figuras amiibo da coleção Splatoon — Inkling Girl, Inkling Squid, e Inkling Boy — serão lançadas na América e Europa no dia do lançamento do jogo. Os personagens, quando acessados, habilitam novos desafios, que quando concluídos, liberam itens exclusivos no jogo.
Mas, por se tratar de uma experiência nova, é difícil dizer se o jogo fará, ou não, sucesso, tornando-se mais um best-seller competitivo da Big-N, como Mario Kart 8 e Super Smash Bros. Potencial para isso o jogo tem, resta saber se a comunidade comprará (literalmente) a ideia.
Enquanto o game não sai, aproveite para conferir nossas impressões da demo e comentar sobre sua experiência com o jogo neste final de semana. Conseguiu explodir algumas lulas? Ou morria antes mesmo de piscar?  
Splatoon  — Wii U
Desenvolvimento: Nintendo EAD Group No. 2
Gênero: Shooter/Plataforma
Lançamento: 29 de maio de 2015
Expectativa: 5/5
Revisão: Vitor Tibério
Capa: Diego Migueis 

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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