Agentes da Polícia e da Guarda Nacional da Venezuela lançaram gás lacrimogêneo contra um grupo de manifestantes que jogava pedras, após uma grande passeata realizada nesta quinta-feira (1º) pela oposição para pedir um referendo revogatório contra o presidente Nicolás Maduro, informa a agência France Presse. Segundo a aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), os manifestantes envolvidos no confronto eram "infiltrados".
Ao fim da manifestação chamada "Tomada de Caracas", cerca de 400 pessoas se mobilizaram para a autoestrada Francisco Fajardo, principal via da capital venezuelana, que estava fora das rotas traçadas pela liderança opositora.
Um grupo de encapuzados jogou pedras nos agentes, que responderam com balas e bombas de gás lacrimogêneo. Os manifestantes devolveram o ataque. Até o momento, esse confronto parece ter sido um episódio isolado.

"Atentos! Denunciamos a presença de infiltrados (...) pedindo a tomada da autoestrada em Las Mercedes", denunciou a aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), no Twitter, que já havia comemorado o fato de a marcha ter acontecido de forma pacífica.
'Tomada de Caracas'
Usando branco e gritando o slogan "Mudança Já", os opositores saíram às ruas da capital para o protesto. Segundo a MUD, mais de um milhão de pessoas participaram desta marcha.

A oposição espera que esta manifestação, batizada de "Tomada de Caracas", seja histórica e pressione o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para ativar o recolhimento de quatro milhões de assinaturas necessárias para realizar o referendo revogatório.
Segundo o instituto Datanálisis, oito em cada dez venezuelanos querem a mudança de governo.
Nova marcha
Logo após a manifestação, a oposição convocou uma nova marcha para o próximo dia 7 de setembro ante a sede da CNE. "Mostramos ao mundo que a Venezuela quer mudança e convocamos uma nova mobilização dentro de uma semana", afirmou o porta-voz da coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD), que também pediu um panelaço na noite desta quinta-feira em todo o país.

Ao ler um comunicado ante a multidão, Torrealba também anunciou que, em 14 de setembro, será realizada uma mobilização de 12 horas em todas as capitais do país, um dia depois que o CNE provavelmente vai anunciar a próxima etapa do referendo.
"Hoje é o início da etapa definitiva desta luta, e nós, todos os venezuelanos mobilizados, juramos exercer nosso direito constitucional em um protesto pacífico até conseguir a mudança leitoral, pacífica e democrática", enfatizou.
Protesto de chavistas
De acordo com a agência EFE, milhares de manifestantes chavistas também se manifestaram nesta quinta na capital para expressar apoio à gestão do presidente Nicolás Maduro e em "defesa da paz".
Desde o começo da manhã, milhares de seguidores do chavismo, alguns identificados com uniformes de instituições públicas, se mobilizaram desde vários pontos do oeste de Caracas, como a Praça Venezuela, El Paraíso, Santa Cecilia e Parque Central para comparecer à convocação feita pelo Executivo.
Em apoio a esta convocação, os personagens mais conhecidos dentro do chavismo, como ministros e deputados, expressaram mensagens nas quais faziam um chamado a seus seguidores para que comparecessem à marcha.
A atividade, que terminará com um ato no qual discursará o chefe de Estado, também contará com a presença do vice-presidente do país, Aristóbulo Istúriz, do deputado chavista e primeiro vice-presidente do governante Partido Socialista Unido da Venezuela (Psuv), Diosdado Cabello, e de outros legisladores simpatizantes do governo.
'Tentativa de golpe'
Nicolás Maduro disse nesta quinta que seu governo derrotou uma tentativa de golpe de Estado após capturar 92 paramilitares colombianos e importantes dirigentes opositores que pretendiam realizar uma "emboscada violenta e fascista".
"Hoje derrotamos uma tentativa golpista que pretendia encher de violência e de morte Venezuela e Caracas (...) Os que ameaçaram atacar Caracas para roubar o poder em Miraflores terminaram em seu estado de Miranda", disse Maduro.
O presidente venezuelano detalhou que há dois dias capturaram 92 paramilitares colombianos que tinham um acampamento na região de Manicomio, ao norte de Caracas e próxima ao Palácio de Miraflores, e assegurou que a oposição venezuelana tinha conhecimento disto.
O Serviço Bolivariano de Inteligência venezuelano (SEBIN) apreendeu vários dirigentes opositores nos dias prévios à mobilização convocada pela oposição que aconteceu hoje na capital do país.
Maduro garantiu que estes "dirigentes da direita golpista" foram detidos por ter "planos para colocar bombas" e assim "atacar sua própria gente".