05/11/2016 00h12 - Atualizado em 05/11/2016 10h50

Temer diz que 'talvez' seja hora de examinar hipótese de voto facultativo

Presidente concedeu entrevista à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV.
Para ele, é preciso uma reforma, pois há 'mal-estar' com a classe política.

Do G1, em Brasília

O presidente Michel Temer, durante entrevista para a Rede TV (Foto: Marcos Correa/Presidência da República)O presidente Michel Temer, durante entrevista para a Rede TV (Foto: Marcos Correa/Presidência da República)

O presidente da República, Michel Temer, afirmou em entrevista à jornalista Mariana Godoy, da RedeTV, que o "mal-estar" da população com a classe política pode explicar o alto número de abstenções, votos brancos e nulos na eleição municipal deste ano.

Na entrevista, Temer afirmou que é preciso que o Congresso Nacional faça uma reforma política e que, "talvez fosse o caso de começar a examinar a hipótese do voto facultativo".

 

No último domingo (30), data em que foi realizado o segundo turno das eleições em 57 cidades brasileiras, o número de eleitores que não compareceram às urnas, somado aos votos brancos e nulos, foi de aproximadamente 10,7 milhões de pessoas. Este número representou 32,5% dos 32,9 milhões de eleitores aptos a votar na data.

"Talvez seja preciso fazer mesmo uma reforma política, e na reforma vai entrar em pauta o chamado voto obrigatório, e o voto facultativo. Talvez fosse o caso de começar a examinar a hipótese do voto facultativo. Quer votar, vota. Não quer, não vota. [...] Evidentemente que isso precisa vir acompanhado de uma pregação da cidadania", afirmou o presidente.

"Eu acho que há naturalmente um mal-estar com a classe política, e o mal-estar com a classe gera as mais variadas críticas. E, às vezes, a crítica vem pelo silêncio. [...] Isso nos leva a uma reformulação da política no país e à compreensão da classe política de que algo está errado", continuou.

Outro ponto levantado por Temer na entrevista foi sobre a possibilidade de mudar o sistema de governo no país. Atualmente, o sistema vigente no Brasil é o presidencialismo de coalizão. O presidente, por sua vez, se disse favorável à implementação do parlamentarismo.

Nesse caso, a figura do presidente continuaria existindo, mas exclusivamente para a função de chefe de Estado, de caráter mais formal e com menos poder nas decisões políticas.

"Eu acho que é possível [discutir o parlamentarismo]. Há muitos agentes políticos que são parlamentaristas. É possível discutir numa reforma política. [...] O impedimento [da ex-presidente Dilma Rousseff] foi traumático. No parlamentarismo não. Se acontecer um desastre no governo, você muda o governo.

Eleição na Câmara
Durante a entrevista, o presidente também foi questionado sobre a disputa para a presidência da Câmara. A eleição, que só ocorre em fevereiro de 2017, já movimenta os bastidores da Casa.

Ele, porém, evitou responder se é favorável à uma eventual reeleição do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ou se tem um candidato preferido para ocupar o posto.

"Eu tomo muito cuidado porque eu tenho uma base parlamentar de cerca de 18 partidos. Então eu tomo muito cuidado porque eu quero a integridade dessa base", disse Temer.

"Como sou muito amigo dos líderes, eu digo que se conseguissem fechar uma candidatura única, seria melhor para a Câmara, para o país e, claro, para o governo", afirmou.

Votos brancos, nulos e abstenções (Foto: Arte/G1)Comparação dos votos brancos, nulos e abstenções nas eleições municipais de 2012 e 2016 (Foto: Arte/G1)
 

Incentivo ao mercado
Temer também falou durante a entrevista sobre a retomada do crescimento econômico e a geração de empregos, elencada por ele como uma das prioridades do governo.

Para o peemedebista, para que se possa gerar empregos, é preciso "prestigiar o mercado e a iniciativa privada". Ele falou sobre o assunto ao responder uma pergunta sobre críticas da oposição de que o governo estaria tirando investimentos na área social e privilegiando o mercado.

"Para gerar emprego, tem que prestigiar o mercado, prestigiar a iniciativa privada. [...] Emprego vem disso. As forças produtivas da nação são o empresário, o empregador e o empregado. [...] Se não tiver credibidlidade do governo, o sujeito não tira do bolso para investir", disse Temer.

Ele falou ainda que irá privatizar áreas "onde for necessário" e que o governo está trabalhando nas concessões. "Estamos trabalhando muito nas concessões. A essa altura, nós já colocamos 34 órgãos para serem concedidos, quatro já em fase final para concluir a concessão", disse.

"Eu quero muito, nós queremos muito, concessões. Onde for necessário privatizar, nós vamos privatizar, e mais, vamos conceder", continuou Temer.

Taxa de juros
O presidente também foi questionado sobre a redução da taxa de juros básicos da economia. No último dia 19, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu baixar os juros de 14,25% para 14% ao ano, um corte de 0,25 ponto percentual.  A redução foi a primeira da taxa Selic em quatro anos.

O corte dos juros já era esperado pelo mercado. Analistas, porém, estavam divididos quanto à intensidade: redução de 0,25 ou de 0,5 ponto percentual. Economistas avaliam que a decisão pode ajudar a economia brasileira, em crise, a se recuperar.

O aumento dos juros, ou sua manutenção em um patamar elevado, é o principal mecanismo usado pelo BC para frear a inflação. Com esse procedimento, o BC encarece o crédito. O objetivo é reduzir o consumo no país para conter a inflação, que tem mostrado resistência.

Na entrevista, Temer foi questionado sobre os motivos de o governo não anunciar novos ou maiores cortes na taxa de juros. Segundo ele, é preciso que os juros sejam reduzidos "paulatinamente" e com "responsabilidade".

"Tem que ir reduzindo aos poucos", defendeu o presidente. Ele disse ainda que, antes, é preciso retomar a confiança do mercado e tentar reduzir o déficit público.

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