A defesa do presidente Michel Temer não quer mais a suspensão do processo contra o pemedebista no Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados protocolaram nova petição pedindo celeridade na conclusão do inquérito contra Temer pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça.
Na petição, anexaram uma perícia particular - contratada pela defesa de Temer - que concluiu haver 70 pontos de “obscuridades” na gravação feita pelo delator Joesley Batista, do frigorífico JBS. Entre outras evidências, como depoimentos no âmbito dos acordos de colaboração premiada, os áudios embasaram pedido de abertura de inquérito feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e aceitas pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo.
O advogado de Temer, Gustavo Guedes, esteve reunido com Fachin por poucos minutos nesta segunda-feira, 22. Na saída, contou a jornalistas ter dito ao relator que a defesa de Temer sentiu-se atendida com a decisão de encaminhar à Polícia Federal (PF), para perícia, as gravações feitas por Joesley.
Para Guedes, que estava acompanhado do Subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, o pemedebista “quer que esse assunto seja resolvido o mais rápido possível”, pois precisa “dar uma resposta ao país”.
A perícia contratada pelo escritório de advocacia — e não pelo Palácio do Planalto, frisou — “é a melhor do Brasil”, segundo Guedes. “Pedimos a suspensão pois havia dúvidas sobre a integridade do áudio, de acordo com perícias contratadas pela imprensa. Agora, com o resultado de uma perícia em que realmente confiamos, temos convicção de que este áudio é imprestável. As demais discussões jurídicas vamos fazer oportunamente.”
Os resultados da perícia contratada pela defesa de Temer não inviabilizam a análise das gravações pela PF, como deve ser feito a partir de terça-feira, com a entrega do gravador utilizado por Joesley Batista. Mais cedo, Fachin enviou ofício à presidente da Corte, Cármen Lúcia, pedindo que o caso só seja pautado ao plenário do STF após a conclusão deste trabalho — solicitação atendida pela ministra.
Os advogados Antônio Cláudio Mariz e Sérgio Eduardo de Alvarenga informaram na nova petição que "lograram êxito" pelo fato de Fachin ter encaminhadio as gravações à perícia da PF.
Eles afirmam que a perícia nos áudios é “questão preliminar” e que deve ser priorizada ante a outras diligências. “O presidente da República é o maior interessado na rápida e cabal elucidação dos fatos”, dizem.
“À luz dessa determinação (de enviar os áudios à PF) e do novo contexto fático por ela criado, a defesa avalia estar satisfatoriamente atendido seu pleito. A suspensão requerida dizia respeito apenas à necessidade de se priorizar a perícia”, diz a petição.