Porque Nosso Ensino é Tão Ruim

 

Karl Marx fez vários erros perdoáveis. Afinal, viveu 200 anos atrás. A realidade era outra, o mundo mudou. A direita vive criticando estes detalhes, esquecendo o que Karl Marx disse de fundamental e é isto que perdura até hoje. É por isto que ele possui tantos adeptos e que estão crescendo dia a dia.

A ideia seminal de Karl Marx é que somos a consequência do nosso regime de produção. Que o ser humano acaba se moldando não à religião, tradição, valores familiares ou ideais filosóficos, mas que acaba sendo moldado pela estrutura de produção, e na visão do regime político que ele vive, que neste caso seria Socialismo ou Capitalismo.

Os valores destes dois regimes acabam impregnando o comportamento humano e ético dos indivíduos, em caminhos totalmente opostos.

Foi uma proposição revolucionária, e empolgou gerações de sociólogos, cientistas políticos, economistas, e assistentes sociais. Era novo, no momento de grandes transformações, e comprovável a olhos vistos.

Era uma ideia que iria confrontar o conservadorismo existente, que nossos valores e comportamento eram determinados pela cultura e tradições, pela religião, família e seus valores familiares, ou pelas ideias de grandes filósofos, como Aristóteles, Platão, Thomas de Aquino, Camus, etc.

Karl Marx sugeriu uma nova possibilidade, os meios de produção, a relação homem-trabalho, a relação Capitalismo ou Socialismo.

Por isto tantos jovens são fascinados pelo Socialismo, com seus valores de altruísmo, bondade e solidariedade, e são contra os valores depravados do Capitalismo.

Todo jovem sabe que jamais vai conseguir mudar a cultura, a religião, muito menos mudar a sua família ou criar uma nova escola filosófica.

Mas mudar o regime de produção do Capitalismo para o Socialismo parece muito mais simples, é um preto ou branco, e é somente na velha idade que se percebe os cinzas. É o que aconteceu com a Dilma.

E para o jovem de hoje, a maioria sabe que não adianta ser rico num ambiente moral e ético inaceitável, e com razão.

Infelizmente, Karl Marx fez Faculdade de Filosofia, e não as dezenas de Escolas de Comércio que já existiam na época para perceber o erro fundamental que cometeu, e o enorme mal que ele iria causar para a Humanidade.

Estudou Hegel e não Luca Pacioli.

Sem dúvida Karl Marx chegou perto, e empolgou sociólogos, cientistas políticos e economistas que estavam fora do debate como melhorar o mundo espiritual e humano das pessoas. Estes em vez de corrigir o erro fundamental de Karl Marx, o abraçaram porque ele lhes deu uma teoria para mudar o mundo, teoria que lhes faltava.

Gostaram do que leram por corporativismo, e não por lógica. Basta ler Das Capital para ver o erros matemáticos flagrantes. Por isto nenhum engenheiro, contador, financista que eu conheço é marxista, quem entende de números percebe claramente as bobagens escritas.

Também, nunca aderiram ao Marxismo os Teólogos, Defensores da Família, Defensores de Aristóteles, Camus e Thomas da Aquino porque já tinham a sua teoria.

O erro fundamental de Karl Marx é que não é o regime político que afeta o ser humano, é a comunidade à qual ele próprio quer pertencer. O próprio Karl Marx escolheu não ser um trabalhador, trabalhar numa fábrica com horários a cumprir.

Um dos grandes problemas da empresa moderna onde pessoas desconhecidas com especialidades distintas se juntam para serem mais produtivas, do que trabalhando individualmente como fazia Marx. Precisam se adaptar aos valores desta comunidade, e a primeira mudança é o cumprimento do horário.

Se você quer somente trabalhar junto por oito horas, todos precisam estar no mesmo local nas mesmas horas. Trabalhava-se dez horas no início, porque ninguém estava acostumado nem queria pontualidade. Não é por acaso que a Inglaterra se destacou na industrialização, porque pontualidade já era um valor britânico.

O erro fundamental de Karl Marx é que é o tipo de estrutura societária criada pelas pessoas que se juntam para um trabalho coletivo, a comunidade, é que determina o ser humano, não o Capitalismo ou o Socialismo.

Ou seja, seu comportamento como ser humano de fato é influenciado pelo regime de trabalho, mas não pelo “modo de produção” como escreveu Karl Marx, mas pelo regime societário que a empresa onde você trabalha foi juridicamente estruturada.

Que por sinal pode até ser a sua, e como você combinou conviver com seus sócios e colaboradores.

É mais do que conhecido por administradores que Empresas Estatais, Empresas Privadas, Empresas Limitadas, Empresas de Capital Aberto, Empresas de Capital Fechado, ONGs, Entidades Sem Fim Lucrativos, Empresas de Responsabilidade Ilimitada, Repartições Públicas, Microempresas, cada uma gerando culturas próprias, formas próprias de convivência, reações diferentes no comportamento humano.

Karl Marx inclusive inverteu as bolas, hoje é mais provável que você é quem vai preferir trabalhar na Google e não na Eletrobras, numa empresa familiar ou numa ONG, criar a sua empresa ou trabalhar numa outra.

Muitos irão preferir trabalhar na Eletrobras que na Google.

Ou seja, não é o modo de produção que determina o ser humano, é o ser humano que decide que “modo de produção” prefere.

Tragicamente foi o Comunismo e Socialismo que fecharam esta porta para nossos jovens. Em Cuba existe somente um tipo de empresa. No Brasil todas as estatais são regidas pelo mesmo regime de governança, controle e contabilidade.

Só para dar um exemplo, vejamos três tipos de Estrutura Societária para o setor de ensino.

Ensino Estatal. Caracteriza-se por um único dono, o Ministro da Educação, que ao contrário do que se imagina, e ele mesmo admite, não manda quase nada.

Seu poder se resume em modificar algumas leis ou regimentos, e o sistema basicamente funciona na base de normas e regras bem definidas, que mudam com enorme dificuldade. Karl Marx não imaginou, como era evidente para os estudantes de administração na época, que o socialismo se tornaria conservador, com partidos socialistas jamais querendo perder o poder, com funcionários públicos felizes com as regras aprendidas.

Os professores do setor Estatal têm um único incentivo.

Aumentar os seus próprios salários mediante pressão política contra o Estado e o dono, que determina seus salários.

Nunca lutam por aumentar o número de alunos, mudar o mundo através do ensino à distância, que já era possível muito antes da internet.

Lutam por aumento de verbas, pelos 10% do PIB para educação, e não R$ xxx por aluno, sabendo como sabem que o PIB aumenta, mas o número de crianças no Brasil está diminuindo.

Professores estatais lutam também por empregos vitalícios, estabilidade de emprego, adicionais noturnos, nada a ver com os alunos.

Ensino Privado. Se caracteriza por um dono ou acionistas presentes, que têm como objetivo ter lucro no ensino.

Com este incentivo eles procuram as profissões que serão necessárias no futuro e não as que deram lucro no passado, ou que por lei foram preestabelecidas.

Neste sentido são muito mais dinâmicos e úteis.

Cursos como História Econômica da Idade Média raramente são dados, porque os alunos não querem. No Ensino Público, os professores dão as aulas que querem não as aulas que precisam ser dadas. Eu sei, fui professor de pós-graduação, tinha liberdade total.

Mas tem consequências nefastas também. O Ensino Privado gera propaganda falsa, procura professores que falam bem e não que pesquisam bem. Gastam quase nada em pesquisa profissional.

Copiam currículos de outros países, ensinam Adam Smith e John Maynard Keynes, esquecendo-se que somos um país latino e não anglo-saxão.

Seus professores não lutam por melhores salários, mas lutam por melhores avaliações anuais pelos alunos porque senão perdem o emprego.

No negativo, na hora de corrigir as provas, aprovam a maioria dos alunos porque senão o lucro cai.

Neste sentido são iguais às escolas estatais, que por razões políticas aprovam todo mundo apesar do ensino ser péssimo.

Criam Bolsa Educação para obrigar as mães a levar os filhos para estas péssimas escolas, senão ninguém perderia seu tempo.

Escolas Privadas, em vez de Bolsa Educação para levar os alunos à escola, os alunos e seus pais pagam regiamente para ter os melhores professores possíveis.

Ensino Público. O dono não é o Estado nem um grupo de acionistas, mas sim o público da comunidade que doou os recursos para criar uma faculdade.

É o caso de Stanford e Harvard e uma centena de faculdades sem fins lucrativos.

Aqui os incentivos são outros, não é lucro nem aprovar todo mundo.

Cada aluno custa, cada receita é suada, normalmente advinda de doações de ex-alunos.

Ao contrário do Ensino Estatal, os professores não ensinam Marxismo, a necessidade de um estado forte para garantir os empregos vitalícios e as pensões milionárias dos seus professores.

Ao contrário do Ensino Privado, os professores não ensinam Livre Mercado, conceitos de direita, a necessidade de o aluno consumidor pagar por aquilo que ele gosta, neste caso as aulas são divertidas, com muitas piadas, onde os alunos dizem que o professor é o máximo.

Nas Escolas Públicas o incentivo dos professores é fazer os alunos serem bem-sucedidos na vida, ricos ou famosos.

Ricos nas régias doações à sua alma mater ou famosos dando prestígio para a escola onde se formaram, o que se reverterá em maiores doações por tabela.

Aluno ruim ou mau-caráter é imediatamente expulso, para não estragar a reputação.

Mas vou ser honesto com vocês, apesar de achar que este é o melhor sistema ele também gerou comportamentos depravados.

Em troca de doações milionárias, algumas escolas públicas têm aceitado filhos de ricos nem sempre tão brilhantes. O segredo é não aceitar mútuo para não estragar o nível intelectual dos alunos ingressantes.

A maioria das escolas públicas americanas gastam fortunas com técnicos de futebol, porque isto traz muito prestígio e doações, e o custo benefício pelo jeito é positivo.

Mas o que eu queria provar é que vocês deveriam rever a tese de Karl Marx que o regime político Socialismo, Comunismo, Social Democracia, Liberalismo ou Capitalismo é que determina os meios de produção e o comportamento ético das pessoas.

Não é.

É o regime “político” das empresas, organizações não governamentais e associações de classe, que determina nosso comportamento.

Em qualquer regime você terá organizações que agregam pessoas e estatutos organizacionais que poderão ser benfeitos e malfeitos.

O Socialismo e o Comunismo fracassaram porque foram conservadores, mantiveram as formas de organização preconizadas por Engels, Marx e Gramsci, e estas se degeneraram sem ter a possibilidade de se regenerarem como no Capitalismo e Liberalismo.

Mas todo estatuto de qualquer organização pode ser malfeito, a não ser entre Administradores e Advogados Societários não vejo nenhuma outra profissão discutindo como aprimorar nossos estatutos, organizações e sociedades para que gerem comportamentos mais humanos e éticos.

Administração Socialmente Responsável é um assunto que me interessou há mais de 40 anos, e por 25 anos tentei convencer a Revista Exame a seguir esta linha, sob a resistência da redação. José Roberto Guzzo recusou qualquer inovação neste sentido, Rui Falcão mais ainda.

O Brasil infelizmente optou pelo ensino estatal, marxista, pró-emprego vitalício, pró-aposentadoria com salário garantido, pelo ensino que agrada os burocratas e não os alunos, que não se preocupa com a riqueza e fama dos alunos, só com a riqueza e o ramo dos professores.

Karl Marx vai continuar com suas ideias a nos manter na pobreza e no atraso, por ter lido Hegel e não quem deveria.

 

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Comentários

7 Responses

  1. A discussao é muito complexa e vou reler o artigo com mais atencao. Mas, quanto ao ensino privado ser orientado para o mercado de trabalho, creio que nao se aplica oa Brasil.As escolas do comercio, Handelsakademie, foram organizadas em Vienna 1852 (salvo engano) pela Camara do Comercio local. Hoje sao publicas e bem orientadas para formacao de mao de obra para o mercado. Os empresarios se reuniam com Ministro de educacao duas vezes por ano e ministerio tem feito pesquisas sobre as mudancas na economia para adaptar os curriculos.O ensino privado no Brasil e orientado para lucro e so!

  2. Caro Kanitz, me parece que suas alegações sobre os professores públicos e seus salários estão um pouco fora da realidade do Brasil. Basta verificar que um profissional, que vc julga marxista (e na maioria eu concordo!), mal consegue sustentar sua família de forma digna, quem dirá se aprimorar para melhor desempenhar suas funções. Se vc acredita que professor é bem remunerado, conforme subentendi nas entrelinhas, me perdoe, mas vc não convive com as salas de aula…

    1. Adriano, não percebi tal suposição nas entrelinhas. Acho que a ideia foi apenas de que os professores de escolas do Estado não se preocupam com os alunos e com o ensino – até porque, como você citou, estão preocupados (compreensivelmente) com o sustento de suas famílias. O problema do comportamento do professor é um sintoma da desvalorização da categoria por parte do Estado e, talvez, da sociedade.

  3. “… valores de altruísmo, bondade e solidariedade …” ??? Regime A ou B? Não, a resposta está na Bíblia ou em Robbes, como queira; “o homem é lobo do homem”.

    valores de altruísmo, bondade e solidariedade
    valores de altruísmo, bondade e solidariedade
    valores de altruísmo, bondade e solidariedade
    valores de altruísmo, bondade e solidariedade

  4. O texto é interessante mas não sei se foi redigido de última hora ou se faltou editar. Tem frases sem verbo, reflexões sem final, idéias inacabadas… Depois te tentar reler alguns parágrafos mais de uma vez para entender o que estava sendo dito, eu desisti. Se precisar de maiores detalhes, pode entrar em contato que eu o ajudarei. Obrigada.

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