Eken M001, o tablet de 90 dólares

Eken M001, o tablet de 90 dólares

Além do uso do Android estar crescendo rapidamente nos smartphones, estamos assistindo também a uma invasão de tablets com telas de 7 a 10 polegadas baseados no sistema. Os tablets são apontados como a próxima onda dentro do mercado tecnológico, sucedendo os netbooks.

Há quem diga que os tablets podem eventualmente substituir os notebooks e até mesmo os desktops (já que eles permitem combinar portabilidade com o uso de dock-stations com teclado, mouse e outros periféricos para uso estacionário), mas esta é uma previsão difícil de sustentar, já que tipicamente os tablets usam telas muito pequenas (de 7″ a 12″), enquanto os notebooks se especializam em telas de 14″ a 17″ e os desktops em telas ainda maiores, ou no uso de múltiplos monitores. Você pode perfeitamente usar um teclado e um mouse em um tablet com o Android, mas nesse caso você seria muito melhor atendido por um netbook. O mais provável é que os tablets sejam adotados como dispositivos secundários (concorrendo com os netbooks), sendo usados para leitura de textos e e-books, multimídia e outras tarefas de consumo de mídia, onde você não precisa digitar mais do que alguns caracteres de texto.

O principal atrativo do Android é que ele permite a criação de dispositivos bastante leves e baratos, baseados em processadores ARM, indo dos antigos ARM9 (que podem ser usados em tablets de baixo custo e leitores de e-books) aos chips baseados no Cortex A9, que competem com o Atom em termos de desempenho. Já existe também um port do Android para processadores x86, que pode ser usado pelos fabricantes que prefiram produzir tablets baseados no Atom. Muitos dos SOCs atuais suportam a decodificação de vídeos full-HD, o que combinados com telas de boa resolução permitem criar dispositivos de entretenimento bastante poderosos.

Essa variedade de opções, fez com que os lançamentos de tablets baseados no Android se polarizassem em dois grupos. O primeiro é o dos tablets produzidos pelos grandes fabricantes, que irão chegar ao mercado a partir do final do ano, com preços orbitando na faixa dos 300 a 500 dólares, a mesma faixa de preços dos netbooks. O segundo grupo, que já está no mercado e vem fazendo um enorme sucesso na China e outros países da Ásia são os tablets de extremo baixo custo, que custam na faixa dos 100 dólares.

Isso nos leva à análise de hoje, onde falarei sobre o Eken M001, o modelo mais barato da safra, que custa apenas US$ 90 caso comprado em quantidade direto no fabricante (http://ekengroup.com), ou apenas um pouco mais se comprado em lojas online. Ele está à venda por US$ 96 na DealExtreme, por exemplo.

Como era de se esperar, a qualidade de construção não é particularmente boa e o índice de defeitos é bastante alto, mas considerando o preço, a impressão inicial até que não é ruim:

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A construção é moderadamente sólida, sem pontos e folga, embora ele obviamente não tenha sido feito para suportar quedas. A verdade seja dita: ele é muito feio, mas o preço faz com que você seja um pouco mais tolerante no julgamento.

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Ele pesa um total de 350 gramas e usa uma bateria de 1600 mAh (7.2V) que aguenta cerca de 3 horas de uso normal. Devido ao uso de uma bateria de 7.2V, ele não pode ser carregado diretamente pela porta USB, demandando o uso de uma fonte com tensão de 9V incluída no pacote:

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Ele utiliza um layout bastante simples, com um case branco e sem botões visíveis, com exceção dos do painel frontal. A porta ao lado da entrada para o cartão é uma porta USB. Estranhamente, optaram por usar um conector igual ao da Apple (ele inclusive funciona com os cabos para iPods) em vez de um conector mini-USB regular. Uma possível explicação para isso seriam eventuais planos para o desenvolvimento de algum tipo de dock-station para a conexão de um mouse e teclado, já que o conector da Apple oferece mais suporte para manter o tablet na vertical do que um conector mini-USB regular:

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A porta USB permite apenas o acesso aos arquivos do cartão e outras funções de gerenciamento do sistema através do Google SDK, sem suporte à carga da bateria via USB.

O M001 é baseado em uma versão levemente customizada do Android 1.6, com um display WVGA (800×480) de 7 polegadas, similar ao display do Eee PC original, porém com uma qualidade de imagem levemente inferior devido à presença da película do touch-screen resistivo. A aparências das fontes e dos ícones não é particularmente boa (já que a interface do Android foi desenvolvida para uso em telas de smartphones, onde o PPI é muito mais alto e as imperfeições não são visíveis), mas em uma tela WVGA de 7″ o sistema carece de polimento:

Entre os aplicativos pré-instalados temos clientes de mensagens (Fring, MSN Droid, Google Talk), leitor de e-book (iReader), player de mídia (My Music), Gmail, Google Talk e Maps, uma versão Trial do Documents to Go (compatível com os arquivos do Office), gerenciador de arquivos e outros, que podem ser complementados com os muitos outros aplicativos para o Android disponíveis por aí.

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Isso faz com que ele seja um dispositivo bastante flexível, que pode ser usado para ler e-books, ouvir música, ler e-books, checar os e-mails, navegar na web (embora de forma limitada devido ao baixo desempenho, falta de suporte a Flash e à resolução da tela), ler arquivos PDF (embora também limitado a arquivos leves devido ao desempenho) e assim por diante. Você pode até mesmo usá-lo como um relógio e despertador, configurando o sistema para nunca desligar a tela e deixando-o do lado da cama:

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O fato de ele ser barato também ajuda, já que você pode sair com ele por aí sem medo de ser roubado, como teria caso levasse um iPad ou outro gadget da moda.

Ele inclui também uma versão do Skype, mas trata-se da versão Lite para o Android, que faz e recebe chamadas através da rede celular, gastando os minutos de voz. Em um tablet ele é quase inútil, já que serve apenas para trocar mensagens de texto. O conjunto de aplicativos varia de acordo com a versão do firmware instalado. Os firmares originais da Ekin incluem mais aplicativos (boa parte deles voltados para o público chinês), enquanto os firmwares do Slatedroid são mais limpos, com mais espaço para instalar seus próprios aplicativos.

Como de praxe, ele pode ser usado tanto na horizontal quanto na vertical, com o posicionamento da tela sendo alternado automaticamente. A sensibilidade do acelerômetro não é particularmente boa, e você acaba tendo que escolher (no “Gravity sensor setting”) entre um modo “normal”, onde você precisa girar o tablet violentamente para conseguir se fazer entender e um “game mode”, que não é muito diferente.

Assim como em outros aparelhos com telas resistivas, é necessário calibrar a tela regularmente, através da opção “Touchpanel calibration” disponível nas configurações. No meu caso por exemplo, a tela veio terrivelmente descalibrada, com os toques sendo registrados quase um centímetro para baixo.

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O uso da tela resistiva é o segundo principal problema deste tablet (o primeiro é o fraco desempenho do processador). Telas resistivas são mais baratas, mas elas oferecem a desvantagem de só serem realmente utilizáveis usando uma caneta ou ao tocar a tela com as unhas. Isso dificulta o uso de muitos dos gestos costumeiros no Android, como passar o dedo para abrir o menu ou rolar rapidamente uma página web. O problema é agravado pelo fato do tablet não oferecer a bolinha de scroll ou um direcional (o botão vermelho não é um direcional, mas sim um agrupamento dos botões +, -, menu, home e voltar) o que faz com que o sistema registre muitos toques errados ao tentar navegar entre opções. Você clica para tentar arrastar o menu, ou rolar uma página, e ele acha que você clicou em um dos ícones ou em um link, uma ocorrência que é muito mais fácil de evitar ao usar uma tela capacitiva.

Em resumo, isso não chega a ser um problema particularmente grave se você não se importa de usar o tablet com uma caneta stylus, mas se você está esperando encontrar uma tela responsível como a do iPad ou do Motorola Milestone, prepare-se para uma grande decepção.

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